Titre A luta de classe por um Futebol Popular
Thème - Territoire
Slogan
Descrição / Relato
Impedimento das mulheres na sociedade e no futebol
Torcedoras da década de 1970
A construção social brasileira é caracterizada fortemente pelo apelo ao masculino como agente dominante e dominador. Dentro do futebol a realidade não seria diferente, o espaço futebolístico não é apenas de cunho esportivo, é social também. Por isso fica claro observar que os valores da sociedade tiveram um reflexo marcante na constituição da idéia de que futebol e mulher não se misturavam.
Porém, é importante ressaltar que, historicamente, a mulher teve um papel precursor em relação, por exemplo, às torcidas de futebol. A prática de torcer e seu termo foram incorporados no futebol brasileiro pelas mulheres devido ao modo como elas se comportavam durante o jogo. Nas suas vestes, era muito comum a presença de um lenço. Durante a partida, as mulheres pegavam o lenço e o contorciam como forma de vibração. Daí, então, veio a palavra torcer para o nosso futebol.
Nos últimos anos, as discussões sobre gênero vem sendo acrescentadas ao debate das relações de poder entre homens e mulheres. Por ser uma construção social, o gênero pode ser entendido também como uma variável sociocultural e que, por isso, tende a sofrer mudanças. Nesse sentido, as mulheres, atualmente, conseguem enxergar uma melhor condição, principalmente no Ocidente, devido às lutas permanentes feministas. No futebol, território masculino, a presença feminina é cercada de muita complexidade e estereótipos.
Dentro de um universo machista, a presença de mulheres no futebol é um ato político. Nós, mulheres que enfrentamos todos os dias o preconceito, com a sociedade sempre nos colocando como inferior, estamos cada vez mais infiltradas nesse meio para mostrar que: sim, podemos! Não só podemos como vamos estar em todos os lugares! Nossa luta é diária, é uma luta através do enfrentamento. Uma luta contra o sistema machista e opressor que ainda está presente dentro dos clubes e federações de todo Brasil.
No Santa Cruz, clube que desde sua fundação, traz as minorias para dentro da instituição, as mulheres, também foram conquistando seu espaço aos poucos. Na década de 80, por exemplo, o time de futebol feminino do Mais Querido chamou atenção dentro e fora das quatro linhas. Enfrentou a resistência masculina e conquistou medalhas antes impossíveis de se imaginar. Nos dias de hoje, as mulheres já fazem parte de boa parte da estrutura organizacional do clube, mostrando que também podem gerenciar e trabalhar dentro do meio futebolístico.
Como torcedora, a luta dentro da arquibancada e fora dela é enorme. Assédios que se passam como brincadeiras, camisa de clube modelo feminino, banheiros com papel higiênico, cantos que entoam o machismo, presença de mulheres como representantes da torcida e do próprio clube. Para muitos, essas batalhas parecem inexpressivas, mas para nós, cada batalha vencida é um passo a mais para nossa luta!
Nós, mulheres, estamos aqui! Sabemos e entendemos de futebol tanto quanto vocês, homens. Impedimento? Sabemos! Escanteio curto? Sabemos e não gostamos! Calarão nossas vozes? Nunca!
Juliana Fernandes — Socióloga
Facebook : Coletivo Democracria Santacruzense
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Quem disse que torcedor não é Excluído?
Av. Conde da Boa Vista — Recife-PE
Existe todo tipo de torcedor. Tem torcedor fanático, empolgado e chorão. Tem torcedor que vibra de emoção. Tem pé de rádio, o “mimizeiro”, o internauta e o fofoqueiro. Tem o baixinho, o sem noção. Tem o calado, o convencido, mas tem também o “espertão”. Tem “sofánatico”, o jornaleiro, outros que ligam a televisão.
Todos os gostos mais representam sempre uma nação. Tem as mulheres, os organizados, os maltratados e o respondão. Tem pai, tem mãe, umas de colo, outra na nuca na multidão. Tem uns que mentem, que é enganado. Tem os meninos ouvindo não, outros apanham, ficam calado. Outro bocado, finge de cego, outros são cegos, tão no estádio só para sentir toda emoção. Outros nem vem, mas quer direitos, se tem direitos na exclusão.
Alguns adoram uma grande festa, cantar e pular é diversão. Tira a camisa, os mais temidos, tem os medrosos, preocupação. É fim de jogo, sai de fininho, sai de mansinho sem terminar. Tem uns que esperam usando a fé, ver gol de letra bem no finzinho. Mas todos eles, tem uma verdade, mas sem maldade não sabe o quê. São todos eles, vindo ou não vindo, uns excluídos da decisão. Seja no campo, na rua a fora, mas também na federação.
Não tem direitos a escolher, nem presidente, nem eleição. Voto é luxo para uns tão poucos, alguns são bobos, sem informação. Policial espreme, aperta, bate, lhe cerca com seus cavalos bem no portão. Somos uns doidos por cada clube, vive, chora, diz que é dele. Mas nunca foi em reunião, o convidado, o aceitado, que foi ouvido uma sugestão. Tudo mentira vocês já sabem, é mal atendido em ligação. Outros lugares nem nos recebe, finge que serve, quer nem saber, é jornalista, com seu discurso de “ser cliente” tem seus direitos, mas que direitos nós vamos ter? Não sou cliente, eu sou do povo, apaixonado por futebol.
Federação tem seus espaços, vão os fotógrafos, atletas, clube e os empresários, se informar. E o torcedor tão excluído, mal sobra o grito e o Batalhão.
Adriano Costa — Publicitário
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NOTA REPÚDIO —Ao Projeto de Lei contra as Torcidas Organizadas
Gostaríamos de vir a público informar a todos os torcedores organizados, barra bravas ou grupos, que a retirada de direitos de organização para o futebol está sendo tramitada pelo Senado. O Projeto de Lei (PLS) nº 28, de 2014, de autoria do Senador Armando Monteiro, que altera o Estatuto de Defesa do Torcedor, aprovado pela Lei nº 10.671, de 15 de maio de 2003, para introduzir sanções a clubes e torcidas organizadas, tem o objetivo de excluir, proibir e criminalizar os torcedores de forma repressiva, esmagando ainda mais o direito de se organizar. Embora essas ocasiões já estivessem acontecendo a vários anos, com proibições e punições, o caminho para a diminuição da violência nos estádio não está sendo trilhado da forma correta, possibilitando ainda mais que grupos de forma promíscua se organizem e alimentem a violência do país, da sociedade e dos estádios. Acreditamos que a saída sempre será o diálogo, o debate e a elaboração de projetos em conjunto com todos os torcedores e suas organizações. Portanto, repudiamos veementemente o projeto de Lei do pré-candidato ao Governo do Estado de Pernambuco, Sen. Armando Monteiro — PTB e aprovado pelo relator do caso Sen. José Pimentel-CE. No caso em questão há diversos vícios que devem ser eliminados e que retiram o direito de defesa dos próprios torcedores, quando nenhuma das organizações Nacionais como a ANATORG ou como outras associações Estaduais não foram convidadas para um debate, discussão e construção de um projeto melhor e mais seguro para os estádios, para o futebol e para a sociedade.
O projeto é constituído por três artigos. O art. 1º possui três novos dispositivos: O segundo dispositivo veda a transferência às torcidas organizadas de verbas públicas ou recursos financeiros oriundos de empresas estatais e paraestatais.
Este dispositivo retira uma das possíveis saídas para a solução contínua deste problema social: o investimento em mais de mil sedes sociais e espaços existentes no brasil, que são administrados por torcidas organizadas, a organizarem projetos sociais e educacionais, com o objetivo de reeducar os componentes e sócios de suas entidades, possibilitando a inserção desses movimentos a se organizarem ainda mais judicialmente e realizarem um trabalho de base diretamente com os cidadãos que se enquadrem nesse processo social. Também impossibilita, socialmente, o investimento nos núcleos de ações sociais responsáveis por realizar projetos para as crianças, idosos, campanhas de agasalhos, sopão e alimentação para os desabrigados e para as comunidades carentes desse país.
O terceiro dispositivo prevê a hipótese de dissolução judicial da torcida organizada cujos integrantes “promoverem atos de vandalismo, conflitos coletivos ou rixas, agressões ou violência contra pessoas, em estádio ou em via pública no raio de até 5 (cinco) quilômetros do local de evento esportivo”.
Acreditamos sim que a saída para a diminuição da violência nos estádios é, além do constante diálogo com a sociedade civil e os grupos organizados, é a lei ser aplicada, porém aos envolvidos nestes conflitos de forma direta, punindo judicialmente o indivíduo e não o coletivo, punindo o CPF. A hipótese de dissolução judicial dos movimentos organizados, retira o direito do cidadão e torcedor de se reunir, agrupar ou fazer parte de um movimento. A dissolução judicial da entidade não garante ao poder público a possibilidade de o torcedor envolvido em algum crime não realizar novamente o ato, afinal a lei jamais pode ser aplicada ao grupo social.
O art. 2º altera o art. 41-B do Estatuto de Defesa do Torcedor para ampliar elementos do tipo penal, como a inclusão de a) outros atos de desordem (vandalismo, confronto, rixa e agressões); b) membro de torcidas organizadas como sujeito ativo. Ou seja, ser sócio, componente ou simpatizante de torcida organizada, passará a ser crime e caso haja qualquer tipo de incidente nos estádios suas penas serão elevadas pelo simples fato de ter o direito de se organizar para ter uma possível liberdade de expressão numa sociedade sensacionalista que criminaliza o torcedor diariamente através da mídia.
Em tese, o autor justifica a proposta no sentido de coibir confrontos entre torcidas, porém fere diversos direitos já conquistados e que estão na Constituição brasileira. O próprio Estatuto de Defesa do Torcedor (que de defesa não tem nada) significava uma afronta aos postulados constitucionais da liberdade de associação, da vedação de interferência estatal no funcionamento das associações e, sobretudo, da autonomia desportiva. Segundo especialistas alterações legislativas no Estatuto do Torcedor não resultaram em uma diminuição significativa dos casos de violência.
Continuando com o Projeto de Lei do Senado Nº 28, de 2014, o Art. 41–B, diz “Promover tumulto, praticar ou incitar atos de vandalismo, confronto, conflito, rixa, agressões, atos de violência contra pessoas, ou invadir locais restritos a competidores em eventos esportivos, individualmente ou de forma coletiva como membro de torcida organizada. Pena — reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.”
Resumindo, este artigo retira o direito do torcedor de protestar, quando diz “ocupar locais restritos a competidores em eventos esportivos”, mesmo que não aconteça qualquer tipo de agressão ou confronto caso o torcedor entre em CTs ou vestiário a fim de realizar nada mais que seu direito de protestar, ele terá uma pena de até 4 anos mais multa. É importante que todos os torcedores fiquem bastante atentos a este artigo em específico.
Também há o dispositivo II — o torcedor que portar, deter ou transportar, no interior do estádio, em suas imediações ou no seu trajeto, em dia de realização de evento esportivo, quaisquer instrumentos que possam servir para a prática de violência; isso corrobora a tese de proibição de bandeiras, mastros, guarda chuvas, bandeirolas, instrumentos de bateria e sinalizadores ao redor do estádio, excluindo ainda mais a cultura torcedora de se organizar e se manifestar positivamente no entorno do espetáculo esportivo.
Por último, o projeto tenta criminalizar também presidentes e diretores de organizadas. No dispositivo III — o presidente e o diretor da torcida organizada que promover ou participar do tumulto; a pena é acrescida de um terço. Sabendo da parcialidade da justiça brasileira, quaisquer atos que tenham envolvimento de torcedores de forma deliberada poderão recair sobre os ombros dos diretores e gestores de torcidas diretamente, sendo eles os culpados verdadeiramente investigados ou não.
Mais uma vez, ratificamos o nosso repúdio ao Senador Armando Monteiro, autor do projeto de Lei, que pretende utilizá-lo como parte de sua campanha ao governo do Estado de Pernambuco, aproveitando do processo eleitoral para criminalizar e excluir as torcidas e elevar sua imagem aos meios de comunicação esportiva sensacionalista, como forma de mostrar envolvimento com o futebol, nunca antes assistido pelo mesmo fora de um camarote ou sentindo a emoção e a festa das torcidas organizadas dentro dos estádios brasileiros. Em suma, e sem que houvesse uma análise, estudo, debate ou discussão sobre o tema com as próprias entidades prejudicadas e criminalizadas, criou o projeto sem fundamentação. As torcidas organizadas tem o direito de se organizar e de se defender perante a lei, portanto é do interesse de todos os coletivos serem ouvidos. Alertamos também a capacidade do Estado de compreender que as punições deliberadas para as torcidas não colabora para a diminuição dos atos de violência praticados por torcedores, portanto é primordial que seja observado a possibilidade de punição direta aos envolvidos nos casos de violência e não a retirada de organização das torcidas organizadas. O objetivo de todos nós é tornar o futebol um espaço de inclusão e de lazer bem como está na constituição.
Assinam esta nota os grupos, movimentos, torcidas e entidades:
COLETIVO DEMOCRACIA SANTACRUZENSE
MOVIMENTO POPULAR CORAL
TORCIDA ORGANIZADA GANG DA ILHA
PORTÃO 10 — AVANTE SANTA CRUZ
LEÕES DE SAMPA
FUTEBOL, MÍDIA & DEMOCRACIA
G.R.T.O INFERNO CORAL
AMÉRICA ANTIFASCISTA
CORAL ANTIFA
Movimento Coral Reggae
Palmeiras Antifascista
Resistência Antifascista Joseense
Xavante Antifascistas
Comuna Xavante
Corvo Antifa
Jornal Emponderado
Aceitadilmavez
Inter Antifascista
Movimento Resistência Azul
Guarda Popular do Internacional
Movimento Coralinas
Império Verde do América
Resistência Tricolor
Rua — Juventude Anticapitalista
O Povo do Clube
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DEMOCRACIA X FUTEBOL X POLÍTICA
No ano de 1981, enquanto muitos estudantes, artistas e intelectuais participavam das campanhas pelo fim da ditadura militar no Brasil, a Democracia Corinthiana, movimento organizado e apoiado por alguns jogadores do clube, como Sócrates, Wladimir e Casagrande, teve como objetivo renovar a estrutura autoritária que existia na administração de clubes de futebol. Os protestos nas arquibancadas ultrapassaram as quatro linhas e serviu de força para as lutas políticas contra o Golpe Militar no País. Na mesma época a maioria das torcidas organizadas no Brasil foram fundadas e além do intuito e verdadeiro apoio ao Clube, as torcidas levantavam bandeiras a favor sociedade e obtiveram sucesso junto aos movimentos sociais, sindicais e políticos do país no final da década de 80 com o fim do Golpe.
Na década de 90, as torcidas organizadas do país tiveram um crescimento exacerbado com a aproximação de tais movimentos nas periferias das cidades, cumprindo um papel social que nem o estado nem os clubes conseguiam chegar com facilidade, tapando verdadeiros buracos sociais em capitais do país inteiro com festas, núcleos, sedes, eventos e reuniões. Tais atitudes agregaram jovens, crianças e adolescentes de periferias para os movimentos ( torcidas organizadas ).
Cenas lamentáveis acontecem a décadas, mas com adeptos da internet, câmeras de segurança e tecnologia tudo se tornou viral. Os acontecimentos nunca diminuíram e dificilmente diminuirá. O fato é que um jovem, oriundo de um bairro violento, de uma cidade violenta, canais de televisão violentos, escassez de educação, de trabalho e segurança, terá uma grande probabilidade de se tornar um ser humano violento, principalmente quando ideologias e amores são colocados em prova ou em situações opostas, confirmando a tese de que a arquibancada é o espelho da Rua.
A verdade é que o PIG e os movimentos políticos que influenciaram o Golpe de 2016 souberam trabalhar bem na sua primeira tática de calar o povo, quando o assunto é Política Democrática e Futebol. Há anos que Torcidas no Brasil inteiro são oprimidas e proibidas de entrarem com camisas, bandeiras, papéis picados, faixas, adereços instrumentais, com a defesa de que assim elas iriam parar de realizar atos violentos, e o resultado é inverso, é como jogar gasolina em um fogo fora do controle. Se o intuito dentro do estádio é fazer a festa e são proibidas disto, nas ruas tudo está liberado, a guerra não tem como proibir, se nas comunidades, a guerra contra o sistema é rotina, é dia a dia.
Com o intuito de responder de imediato ao cunho popular, influenciado pelo PIG, atitudes sem planejamento são realizadas a cada evento violento. Torcidas únicas, proibição de entrada de torcida organizada em estádio, proibição de bandeiras e baterias. Parece estupidez, mas responder a sociedade com atitudes paliativas é comum no nosso país.
Para finalizar, vemos que o plano foi tão fervoroso que até os movimentos políticos sociais e sindicais abandonaram contatos e política de debate com movimentos organizados oriundos da arquibancada. O texto tem o intuito de alertar aos movimentos de luta que também lutem por nossas bandeiras. Tiraram a liberdade da arquibancada, calaram voz do torcedor, despiram a sua camisa, e força a cada dia que a nossa existência seja criminalizada pela sociedade, com motivos parecidos como os partidos e entidades sociais, que são massacrados a cada dia pela imprensa brasileira. Abram os olhos, observem como o futebol era a 20 anos atrás e como o futebol é hoje. A elitização está em curso tanto quanto o Golpe estava em paralelo, sendo também uma estratégia de comunicação para calar o povo. Pedimos liberdade as arquibancadas e as torcidas. Não ao futebol moderno e não a elitização das arquibancadas brasileiras.
– Adriano Costa — Publicitário — Torcedor Organizado
II Ciclo de Debate “Estatuto do torcedor: defende ou criminaliza?”
Case Studio
O debate foi realizado no dia 18 (sábado) de Novembro de 2017, no auditório principal do Sindicato do Bancários de Pernambuco, com a presença especial de representantes das torcidas Raça Coral, G.R.T.O INFERNO CORAL e Portão 10, ambas do Santa Cruz, a Torcida Jovem do Sport representou os torcedores do Sport e o Movimento Coralinas como movimento feminino, cerca de 42 pessoas estiveram presente no evento.
A mesa organizadora foi, Thullyo Lima representando a Anatorg ( Associação Nacional de Torcidas Organizadas ), Dr. Wilgberto Reis — Advogado especialista em futebol, Esequias Pierre — Historiador e Advogado presidiu a mesa, Adriano Costa — Democracia Santacruzense e torcedor organizado, Renan Castro — Advogado popular e Lucas Pinto pelo MPC que secretariou todas as falas. Todo o debate foi gravado e disponibilizado no canal da Case Studio no youtube — Assista Aqui!
Case Studio
Thullyo Lima, iniciou sua fala com a necessidade de pertencimento de classe das torcidas organizadas e a falta de um discurso uniforme e igualitário na busca pelo direito de liberdade, citou a acessibilidade ao direito do torcedor e acessibilidade dos torcedores ao Estatuto e os responsáveis pelo seu cumprimento. Acompanhe sua fala completa clicando aqui!
Adriano Costa enalteceu a importância de criação de espaços e a ocupação deles perante o clube e a federação, também alertou sobre o proselitismo político do debate nas redes sociais e a falta de capacidade das torcidas de discutir sobre elas mesmo, a necessidade de criar projetos e mecanismos para a liberdade das torcidas; Realizar Ciclos nas sedes de Torcida; Buscar utilizar o OUVIDOR ( instrumento de direito do estatuto do torcedor, responsável por escutar os torcedores nas federações), protocolar cadastros para a FPF e não ao Batalhão de Choque e mencionou a incoerência da PM com o que pede o estatuto para a liberação dos materiais festivos de cada torcida.
Renan Castro, Advogado Popular elencou algumas objeções do estatuto do torcedor e a não capacidade do torcedor organizado se entender como minoria e como oprimido por toda a sociedade. ( Acompanhe o Video )
Case Studio
Dr. Wilgberto Reis, Advogado especialista em futebol, utilizou de embasamentos teóricos sobre a sociedade de risco e relação do torcedor e do consumidor em favor da criação do estatuto do torcedor, falou das responsabilidades dos torcedores organizados, da segurança, do direito ao transporte institucionalizado no estatuto, do direito a organização e a manifestação cultural nas arquibancadas e finalizou deixando aos torcedores uma objeção futura de quão participativo é o torcedor sobre os clubes.
Carlos Veras Presidente da CUT-PE, bastante criticado por parte das torcidas pelas redes sociais por sua presença, defendeu sua posição sobre a relação entre a criminalização das torcidas, criminalização dos sindicatos e movimentos sociais são lutas parecidas, mencionou a composição de trabalhadores e torcedores e deixou a estrutura a disposição para realizar novos debates sobre o assunto, deixando claro que a falta de conhecimento sobre assunto afeta ambos os lados políticos. (Assista o Video)
Lucas Pinto do Movimento Popular Coral, defendeu a pauta da cultura torcedora e focou na formação política dos membros dos grêmios e a importância de usar as atividades das torcidas para essa formação, realizando debates, ciclos e reunião para ensinar os sócios e ocupar espaços como o ciclo e universidades. (Veja o Video)
Como convidado especial Eduardo Granja ex-secretário de Esporte do Recife participou do debate construindo a seguintes preposições sobre os responsáveis pelos eventos esportivos terem as organizadas e a população pobre como persona non-grata; Falou da queda da audiência por conta da crise de identidade com quem toca o futebol; Sugeriu que ao invés de trabalhar com cadastramento, trabalhar com reconhecimento; Também tocou no que diz respeito a organização dos eventos, como limpeza social e estrutural na formação de um ambiente “seguro”; Falou da interferência de como a mídia trata o assunto; Na condução da FPF sobre as organizadas; Também sugeriu que fosse confeccionado um plano de segurança pelas torcidas. (Se liga no Video).
Além desses tivemos como presença especial e colaboração na construção do debate o Márcio Soares, Sociólogo que defendeu a presença das T.O como instrumento de questionamentos sociais, desde o nascimento, como exemplo as Mocidades e Torcidas Jovens do Rio de Janeiro. Citou também o sentido da torcida com a violência e como consequência a retirada da prática da festa nas arquibancadas, ocorrendo reflexo dentro e fora de campo. Mencionou a importância do uso dos condicionantes para a desconstrução da cultura da violência nas torcidas organizadas. Assista a fala completa, clicando aqui!
A surpresa da tarde foi a presença inusitada do Professor da UFPE José Luiz Ratton, PhD em Sociologia, idealizador do Pacto Pela Vida e especialista em segurança pública, convidado pelo também Sociólogo Márcio Soares, citou as Torcidas Organizadas como espaço de pertencimento de jovens e adolescentes. Colocou a UFPE a disposição, convidando a mesa e os presentes para participar de debates dentro da universidade, falou de institucionalizar o encontro, criando um possível Fórum de Torcidas Organizadas de Pernambuco, a ideia já proposta pelo grupo organizador do evento ainda requer maturidade das torcidas presentes, também convidando e agregando mais movimentos para os próximos. ( Não perca esse video! )
Durante o cronograma de debate foi aberto a possibilidade sempre das falas individuais ou dos grupos presentes, seguindo as temáticas dos; Direitos e Deveres do torcedor; Análise Jurídica do Estatuto; Caminhos para a organização e liberdade de expressão das torcidas; Análise da Nova Lei feita por Armando Monteiro, Projeto de Lei que tem como objetivo de excluir, proibir e criminalizar os torcedores de forma repressiva, criminalizando os diretores e presidentes de torcida organizada e aumentar em 1/3 as penas aos envolvidos em atos violentos que sejam sócio de torcida, os grupos que organizaram o debate já haviam feito NOTA OFICIAL sobre o projeto de Lei do Senador Armando Monteiro (Leia Aqui!), falamos também sobre a atuação direta do Ministério Público na aplicação seletiva frente ao Estatuto; nos perguntamos onde estar o Ouvidor? e Aplicabilidade do Estatuto. O Espaço aberto teve a participação secretariada e novamente gravada.
A Torcida Raça Coral diante de seus representante enaltece a indignação perante ao projeto de Lei do Senador Armando Monteiro que criminaliza o torcedor, defende a criação de um agrupamento específico na PM para os eventos esportivos aqui em Pernambuco e complementa com a proibição de árticos de bolas de festas e papeis picados como forma de repressão policial.
Ezequiel Diretor da Inferno Coral elencou a possibilidade de uma maior utilização da Guarda Municipal em eventos esportivos, principalmente em pontos estratégicos de movimentação constante antes e depois do jogo, a repressão policial diante das caravanas interestaduais vivenciadas pelas torcidas dentro e fora de Pernambuco como forma de proibir os grupos de participarem do evento esportivo.
Josimar Jovem Sport — Elencou agregação de força, principalmente no caso do Sport, onde existe uma perseguição e criminalização de torcida organizada desproporcional e aberta dentro do clube.
Marlon Portão 10, solicita o pleito do uso do e-mail e outras facilidades para liberação dos materiais perante o Batalhão de Choque.
Diogo Xavier Portão 10, defende a criação de grupos temáticos no Whatsapp para construir caminhos e discussões sobre cada tema.
Após 4 horas de debate chegamos ao objetivo final que é construir coletivamente caminhos para a defesa do torcedor, levantamos algumas perguntas e a respostas foram secretariadas com o objetivo de utilizar dessas ferramentas futuramente.
Como tornar os grêmios recreativos mais participativo juridicamente ?
Se apropriar das pautas direitos e deveres, formalizar e documentar pedidos, solicitar por meio de documento oficial a federação pernambucana a informação de quem é o Ouvidor, utilizando também como ferramenta o juizado do torcedor.
Solicitar oficialmente a liberação bolas de festas e papeis picados diretamente aos Bombeiros.
Enviar ofícios as federações e clube solicitando a entrada de materiais.
Como tornar o Ouvidor um instrumento de participação das torcidas dentro das federações?
Solicitar juridicamente a conhece-lo e fazer pedidos de informações na federação e solicitar reunião para apresentar as pautas do futebol local.
Quais projetos serão criados para a liberdade da manifestação torcedora?
Projeto de cadastro de materiais e pessoas na FPF e clubes / Solicitações também aos bombeiros / Buscar manter a prática de entregar os documentos na federação e buscar a desburocratização. / Cobrar justificativas e documentar a negação dos materiais. / Ir ao Juizado do Torcedor sempre que for negado qualquer material, solicitar o motivo. / Cadastro de Mastros com objetivo festivo junto a um CPF por mastro nas federações, parecido com o projeto utilizado no Rio de janeiro.
Como criar espaços amplos e democráticos para o torcedor em federações e clubes?
Cobrar o espaço físico que deve existe perante o Estatuto nas federações que é responsável por escutar o torcedor o seu uso efetivo judicialmente.
Como defender a participação feminina nos estádios?
Promover o debate nas alas femininas das torcidas organizadas , grupos e movimentos diagnosticando a realidade das mulheres, ficando o movimento Coralinas se comprometido também em realizar um levantamento das dificuldades de cada grupo feminino junto a outros movimentos femininos no estado e criar um projeto maior.
Como defender a participação do negro nos clubes e federações?
Promover também seminários e encontros para debater o tema, assim como a diversidade nos clubes e federação pernambucana, buscando construir o debate em torno, não sendo a cota por ela mesma uma solução efetiva , sendo fundamental aprofundar o debate. Alguns desconhecerem os espaços dos clubes e federações e não enxergam diversidade em fóruns como os conselhos deliberativos, pelos relatos ficou clara a pequena participação de negros em Conselhos, Diretorias e Presidentes de Clubes.
Por conhecidência um dia após o debate foi divulgado pela Rede Globo os números da participação Negra no futebol e os números são alarmantes. Baixa representatividade aponta uma grande desigualdade nos cargos de poder de equipes da serie A e B do Brasileiro. ( Acompanhe os números )
Como obter mais transparência das federações e clubes através do Estatuto?
Foi opinado por Esequias Pierre a criação de um novo debate apenas para estudar o Estatuto da Federação, sendo necessário inclusive provocar as instituições documentando os pedidos para que apresentem balancetes, solicitações de informações, buscar entender e estudar a composição da FPF PE.
Como ser contra homofobia enraizada nas arquibancadas?
Construí-se a ideia da necessidade de promover o debate a respeito do tema, aprofundando a temática, existe ainda hoje resistência em discutir o tema tanto pela comunidade LGBT tanto pelos torcedores, clubes e torcidas o debate fluiu sobre a não identificação do gênero com o esporte e outro grupo apenas, defendeu-se assim a não participação em atos e eventos que promovam qualquer que seja a discriminação. A única mudança efetiva ao estatuto seria incluir no Artº 13 IV a homofobia proibicionista também.
TorcedorFutebolSociologiaEstatuto Do TorcedorTorcida Organizada
A arquibancada é o espelho da Rua.
Data/hora
Date(s) - 16/03/2018
15:00 - 20:00
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