Thème - Territoire
Slogan Contre le génocide et l’emprisonnement de la jeunesse noire
Descrição / Relato
O Centro de Cultura Negra do Maranhão – CCN, fundado em 19 de setembro de 1979, é uma entidade civil sem fins lucrativos que tem como objetivo a organização política da população negra. O CCN visando atingir tal objetivo vem desenvolvendo ao longo de sua história um efetivo trabalho de conscientização da população maranhense acerca de sua realidade, histórica, racial e social, através da sua própria cultura. Nesse sentido, o CCN tem dinamizado sua atuação com fortes laços de solidariedade, compreendendo que estes poderá ajudar na sustentação de sua missão que é “conscientização política-cultural e religiosa para resgatar a identidade étnica cultural e autoestima do povo negro viabilizando ações que contribuam com a promoção de sua organização em busca de cidadania, combatendo todas as formas de intolerância causadas pelo racismo, promovendo os direitos da população negra do Maranhão”.
Nessa trajetória o CCN, vem desenvolvendo ações de valorização da cultura e identidade étnica racial através de palestra, seminários, encontros, oficinas, rodas de conversas, audiências públicas, projetos, parcerias com organizações da sociedade civil, redes, fóruns e assentos em organismos de controle social, como forma de ampliar sua participação e atuação junto a sociedade maranhense e brasileira, na produção científica de livros artigos, monografias, dissertações e teses centrada na dimensão africana e afro-brasileira. Ainda podemos destacar uma de suas atuações a nível internacional como no caso da realização do Colóquio Internacional de Quilombolas, Palenqueros, Garrifunas, Saramaka e Bonni, realizado em 2013, em São Luís, que teve como destaque o fortalecimento da identidade e territorialidade da população negra do Brasil e países da diáspora africana.
No Maranhão segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, os negros e negras representam 82% de sua população, segundo o Mapa da Violência 2016, o número de homicídios por armas de fogo representa 95,7%, acima da média nacional que é de 94,4%. Segundo estimativas do IBGE, os jovens de 15 a 29 anos de idade representavam, aproximadamente, 26% da população total do país no período analisado. Mas a participação juvenil no total de Homicídios por Armas de Fogo-HAF mais que duplica o peso demográfico dos jovens: 58% (Mapa da Violência, 2016).
O crescimento médio de 23,7% no número vítimas de Homicídios por Arma de Fogo- HAF na década 2004-2014, que equivale a um aumento de 11,1% nas taxas de homicídio, é resultante de um conjunto de realidades locais, regionais e nacional fortemente diferenciadas. São evidências dessa multiplicidade, os ritmos contraditórios de evolução na década: estados como Rio Grande do Norte e Maranhão, que mais que quadruplicaram seus índices; em contraposição a outros, como São Paulo e Rio de Janeiro, que conseguem reduzir suas taxas, em 2014, para a metade das vigentes em 2004 (Mapa da Violência, 2016).
É preciso colocar que o extermínio da juventude negra brasileira e maranhense não começou agora, inicia-se com o tráfico de africanos(as) para trabalhar na condição de escravos(as) na lavoura, quando se implantou a política de exclusão racial, social e econômica estruturada no racismo, os negros e negras não eram reconhecidos como seres humanos mas como peças, esses africanos (as) eram originário de civilizações avançadas. Os africanos e afro-brasileiros foram colocados à margem das políticas públicos e somente no século XX com a aprovação da Constituição Federal de 1988 é que a população negra incluindo a juventude negra conseguiram alguns direitos formais assim como os quilombolas e os povos indígenas.
O extermínio da juventude negra brasileira maranhense se manifesta de várias maneiras, direta e indireta, sendo estruturada historicamente sistema econômico colonial escravista, no capitalismo e ancorado no racismo, senão vejamos: negação da cultura, negação da identidade, destruição da autoestima, negação de territórios quilombolas, destruição de territórios quilombolas, negação da educação com valores culturais africanos e afro-brasileiros, negação do saneamento básico, negação de meio ambiente saudável, negação de água potável, negação de alimentação saudável, negação de lazer, negação de saúde, negação de transporte escolar seguro, negação de informação, negação de acessos aos serviços de saúde republicanamente, negação as artes, negação a uma infância e adolescência saudável, não implementação do Estatuto da criança e adolescência com o princípio de atenção integral, não implementação do Estatuto da Igualdade Racial, trabalho infantil, violência das drogas ilícitas e licitas ( permitidas e não permitidas), crianças na rua, sobretudo a violência do Estado brasileiro nas relações étnico raciais ainda influenciadas pelo período escravista.
Considerando essa realidade, o CCN tem buscado alternativa capazes de contribuir para a redução dessa violência, e principalmente no que se refere a população jovem negra do Maranhão, sendo assim já editou diversos projetos voltados para o fortalecimento e protagonismos de crianças, adolescentes e jovens de São Luís e parte da grande ilha, nessas atividades passaram mais de 1500 pessoas entre crianças, adolescentes e jovens que trilharam caminhos diferentes e em diferentes direções, inserindo-se em universidades, na perspectiva da valorização do conhecimento e contribuição do negra e da negra para a continuidade da nossa trajetória histórica. Dando continuidade a essa realidade, no seminário Akomabu 2017, em sua avaliação e planejamento, deliberou-se como tema para o Carnaval de 2018, Akomabu contra o Extermínio da Juventude Negra, o qual terá prioridade em todas as atividades da instituição.
Considerado como uma das prioridades do CCN, o Bloco Afro Akomabu do CCN, surgiu no dia 03 de março de 1984. A palavra Akomabu significa “A cultura não deve morrer”. O bloco é antes de tudo um trabalho político cultural que o CCN, objetivando a preservação e divulgação da cultura negra, vem desenvolvendo com seus integrantes e pessoas da comunidade. O Akomabu resgata e leva para as ruas de São Luís, durante todo ano e principalmente o Carnaval o som dos atabaques, agogôs e cabaças, com grande influência em seu ritmo dos toques dos terreiros de mina do Maranhão. O Akomabu não é um bloco no modelo convencional, assim, não disputa prêmio nenhum, pois tem o objetivo de levar uma mensagem de valorização da autoestima dos afros descendentes é uma expressão cultural, educacional e política da população negra maranhense.
A nossa compreensão é que o Bloco Afro Akomabu possa levar inspiração para o Carnaval de 2018, enfatizando que a cultura não deve morrer e enaltecendo a JUVENTUDE NEGRA, com compromisso para agendas presentes e futuras pela garantia e implementação de direitos e continuidade do legado da população negra para o Brasil e Maranhão.
Um aspecto relevante é que o Bloco Afro Akomabu, surge como uma proposta educativa, cultural e política que através da criatividade, musicalidade e da percussão, tem sensibilizado a sociedade Maranhense para o despertar da valorização da cultura africana afro-brasileira, em nosso Estado. Nesse sentido compreendemos que o Akomabu é mais que um bloco, passar a ser um elemento cultural, educacional e político forte que tem a capacidade de elevar a consciência e autoestima de negros e negras do nosso Estado e compreender que a cultura é parte importante da nossa identidade étnica, sendo impossível nega-la. A beleza que o Akomabu tem levado para as ruas de São Luís, outros municípios e Estados Brasileiros tem contribuído para o reconhecimento da dimensão africana da nossa sociedade que se constitui de 52% da população (IGBE, 2016)
Compreendemos que o nosso desafios atual com foco na juventude negra, deverá buscar rumos e estratégias diferentes e em diferentes espaços, mais com uma ampla mobilização em torno da garantia de direitos como a implementação e efetivação de políticas públicas por parte das três esferas de governo, também incentivando a participação para essa problemática o legislativo, o judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública. Ampliar a articulação contra essas desigualdades em torno da juventude, nos possibilitará a dialogar sobre cultura, lazer esporte, emprego e renda, fortalecimento de vínculos, identidade negra, discriminação racial, preconceito e outros temas relevantes como forma de possibilitar o crescimento e desenvolvimento da juventude, contribuindo assim para a diminuição da violação dos direitos humanos da população negra do Estado do Maranhão.
Referencias
História Afro Brasileira. Comentários Sobre a Implementação da Lei 10.639/03. Centro de Cultura Negra do Maranhão/Projeto Quilombo Resistência Negra. 2ª Edição, 2010.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2016.
LIMA. Fernanda da Silva. Mamãe África, cheguei ao Brasil: os direitos da criança e do adolescentes sob a perspectiva da igualdade racial/Fernanda da Silva Lima, Josiane Rose Petry Veronese – Florianópolis: Ed. Da UFSC. Fundação Boiteux , 2011.
Mapa da Violência 2016 – Homicídios por Armas de Fogo no Brasil. Júlio Jacobo Waiselfsz.
Centro de Cultura Negra do Maranhão – Planejamento Institucional – Gestão: Democracia com a Participação popular 2017 a 2019.
Projeto Tambores Quilombolas. Centro de Cultua Negra do Maranhão. Convênio MDA nº 116/2005.
RADIS, n° 140/Maio 2014. FIOCRUZ.
RADIS, n°. 147/MAIO, 2014. FIOCRUZ.
RADIS. n°. 136/JAN.2014. FIOCRUZ.
Data/hora
Date(s) - 16/03/2018
14:00 - 15:30
.