Título Trilha Ecológica Parque São Bartolomeu
Tema - Território
Lema
Descrição / Relato
A Trilha Ecológica Parque São Bartolomeu é um evento realizado a partir da inciativa de representes da sociedade Civil presentes na condição de conselheiros da APA Bacia do Cobre/São Bartolomeu, com o apoio do grupo Desenvolvimento, Sociedade e Natureza (DSN), da Universidade Católica do Salvador, da Fundação Terra Mirim, do Quilombo do Orubu, do Coletivo Acordar e demais membros da comunidade; apoiado também pela 14° e 9° Comando da Policia Militar e da COPPA- Companhia da Polícia de Proteção Ambiental. Com periodicidade bimestral, em sua primeira edição, em setembro de 2017, reunimos quase 200 pessoas, de diversas áreas da cidade, numa grande trilha cujo objetivo principal é o de conhecer para ajudar a proteger e recuperar o rio do Cobre, cuja foz é no Parque São Bartolomeu. Trata-se um Parque criado pelo Decreto Municipal n° 5.363 de 28 de abril de 1978, com 75.000 m². Uma área de singular importância por conter um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica no município de Salvador e o segundo maior da América Latina, ficando atrás apenas para a floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro. Destaca-se a presença de um conjunto de formações florestais próprias da Mata Atlântica, tais como: floresta ombrófila densa e mista, ecossistemas associados como ambientes flúvio-marinho, brejo, manguezais, rios e cascatas. Estando totalmente inserido nos limites da metrópole Salvador, encontra-se inserido em sua área, a montante, a Represa do Rio do Cobre, inaugurada em 1932 (reserva de água potável que atualmente está abandonada pelo poder público). Atualmente o Parque de São Bartolomeu integra a Área de Proteção Ambiental Bacia do Cobre/ São Bartolomeu. Cabe salientar que o Parque está inserido num contexto mais amplo de importância sócio-histórica, havendo registros da presença de Povos Originários da tribo dos Tupinambás, posteriormente foi o local escolhido por homens e mulheres escravizados, durante o Brasil Colônia, para a formação do Quilombo do Orubu, permanecendo desde então como local sagrado e simbólico onde, até hoje, se realizam rituais de religiões de Matriz Africana. Na contemporaneidade, sua área foi defendida como uma das três Áreas Piloto da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, no Estado da Bahia. Originalmente concebidas enquanto áreas voltadas para conservação da biodiversidade, sustentabilidade, fomento à pesquisa, ao monitoramento e a educação ambiental, atividades estas recomendadas pelo Programa Man and the Biosphere (MaB), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). No entanto, a despeito da importância socioambiental e da existência de regulação ambiental trata-se de uma área que vivencia na atualidade um processo permanente e em ritmo intenso de degradação, usos e abandono dos mananciais e da biodiversidade ali presente. Lançamentos de esgotos in natura provenientes das ocupações formais e informais situadas no entorno da área do Parque, comprometem a qualidade das águas dos afluentes e rios e cachoeiras; perda progressiva da biodiversidade, marcada pela desmatamento e queimadas; assoreamento dos cursos dos rios e comprometimento do manguezal; deposição de resíduos sólidos na área do Parque; caça predatória; desativação da represa do Cobre para o abastecimento público por perda da potabilidade, são apenas alguns dos vários impactos socioambientais que atualmente podem ser verificados e que afligem a toda a comunidade da região que sofre com a suspensão diária do fornecimento de água, vinda cada vez mais distantes e de sistemas que ultrapassam os limites físicos do município e Região Metropolitana. A sua localização na periferia da Metrópole Salvador é um fator considerado relevante para justificar a falta de interesse e o descaso desta área pelo poder público – cuja presença no conselho gestor da APA e do Parque é apenas figurativa, sem ações efetivas no plano da realidade que proteja o que ainda resta de vegetação nativa, contendo a expansão da mineração e ocupações ilegais principalmente, e despoluição das águas do rio do Cobre, seus afluentes e nascentes. A Trilha Ecológica Parque São Bartolomeu é um grito de socorro pelas águas e pela vida – de todos, desde o organismo mais insignificante ao mais complexo- , é uma forma de sensibilizar sobre a importância das águas e das conservação de florestas em ambientes metropolizados, é uma forma de dar visibilidade a um problema que está sendo propositadamente invisibilizado pelo poder público estadual e municipal. Por fim, é uma forma de questionar o modelo de desenvolvimento urbano/industrial para o qual a vida tem sido cada vez menos relevante diante da apropriação predatória e consumo intenso da Natureza, como mercadoria. Logo, destituída de valores humanos, simbólicos, culturais e espirituais. Dessa forma, consideramos relevante que a atividade seja aprovada pela organização do FSM2018, pois como o seu lema – resistir é criar, resistir é transformar – somos atualmente a única resistência em defesa das águas do rio do Cobre!
Data/hora
Date(s) - 14/03/2018
09:00 - 13:00
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