Title As Remoções como politicas de exclusão do Banco Mundial e o direito a cidade com justiça social
Axe - Territory
Slogan Life is not merchandise, falta grupo
Descrição / Relato
Associação de favelas de São José dos Campos SP
A Associação de Favelas juntamente com outras organizações brasileiras acompanham deste o ano de 1996 remoções forçadas de moradores que vivem nas áreas centrais de São José dos Campos – SP.
O caso mais emblemático foi um financiamento obtido pela prefeitura junto ao Banco Mundial [BID] que consistia em remover três comunidades da área central e criar um bairro específico para eles (Jardim São José 2) na periferia. A decisão tecnocrática de juntar várias comunidades com cultura e peculiaridades diferentes, formou uma leva de trabalhadores excluídos, com poucas chances de emprego e renda pela distância entre o local da moradia e o de trabalho, baixa identificação com o lugar e com isto a violência e o narcotráfico dominaram o bairro.
Na época da remoção, as famílias foram coagidas a assinar o termo de remoção com a promessa de melhores condições de vida e dignidade, conforme consta da política operacional do BID OP 710 do próprio banco firmado entre a prefeitura e o BID, sendo que as obras de infra-estrutura eram de responsabilidade do poder publico municipal. Ao chegar ao local se depararam com a situação extremamente precária, pois o Bairro não tinha nenhum equipamento, desde iluminação, escolas e creches. O único lazer disponível para a comunidade era uma quadra de areia, como consta da denúncia enviada a este órgão pela Central de Movimentos Populares.
Com o passar do tempo, a situação de violência piorou, inclusive com o crescimento vegetativo da população na região e a ação do Estado, com a polícia civil e militar, que trouxe ao bairro o alcunha de CDD – Cidade de Deus, em alusão ao bairro mais violento do Rio de Janeiro.
Logo após, no local de onde as famílias foram removidas, iniciou-se a um lucrativo projeto de reurbanização com as áreas sendo ocupadas por grandes revendedoras de carro como Nissan, Fiat, Ford, Yamaha e o grupo Carrefour. As grandes construtoras Marcondes Cesar e Rossi Montes fizeram grandes condomínios de prédios de classe media e o último a tomar conta do espaço foi a rede de lojas de departamento Havan. Na visão do prefeito da época, nada disso poderia ser feito cercado pelas moradias de famílias de baixas rendas num claro projeto de higienização de seres humanos como se vê hoje no local.
O que mais chama a atenção neste projeto de reurbanização foi que o grupo Carrefour comprou uma área em frente à comunidade da vila nova Tatetuba para construir a sua loja, mas foi o prefeito que fez toda a obra de canalização de um rio para permitir que em cima fosse instalado o posto de gasolina do grupo e o pior, fez de forma errada, pois em janeiro de 2011 houve uma grande enchente que atingiu dois bairros – a Vila Guarani e a Vila Corinthinha que ficam perto do hipermercado vitimando uma senhora cadeirante, que veio a falecer, com isto o prefeito classificou o bairro como área de risco e está, novamente, ameaçando retirar os moradores com baixas indenizações.
Neste curto espaço de 13 anos de construção do Bairro Jardim São José II os problemas vividos pela comunidade só aumentaram. E quando ocorrem ações entre polícia e o tráfico, como está ocorrendo hoje, quando foram mortos, só no último mês, seis jovens, o transporte público deixa de circular por semanas inteiras, deixando mais de vinte mil famílias sem transporte público e obrigando os trabalhadores a andarem quilômetros de distância para irem ao trabalho, mas a passagem é cobrada integralmente. Aliás, só há uma linha de ônibus que liga a cidade a essa comunidade.
O que a comunidade deseja é a reparação por tantas violações que sofreram e por terem sido enganadas pela Prefeitura de São José dos Campos e seus gestores na época
Data/hora
Date(s) - 15/03/2018
09:00 - 12:45
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