Entre os temas que marcaram o início da Cúpula dos Povos frente à XI  Conferência Ministerial da Organização Mundial de Comércio (OMC), nesta segunda-feira em Buenos Aires, Argentina, o debate sobre comércio eletrônico e a quarta revolução industrial indicou que as organizações sociais e sindicais estão cada vez mais preocupadas com as novas formas de controle da sociedade planetária.

A brasileira Graciela Rodrigues alertou que o interesse da OMC ao querer incorporar este tema não significa a necessidade de regulação do comércio pela internet, mas uma liberação radical das grandes empresas do setor, como a Google ou a Amazon, para coletar e processar dados pessoais que interessam às transnacionais, ao sistema financeiro e também ao controle político e comportamental.

Durante o Fórum Feminista que integrou a Cúpula dos Povos, palestrantes apontaram impactos da quarta revolução sobre a sociedade, que vão da substituição de seres e processos humanos pela inteligência artificial, à apropriação e uso de dados sobre a intimidade, valores, desejos e subjetividades das pessoas. Não se trata, como alertaram, do medo da tecnologia, mas de como será regulada e a serviço de que projeto de humanidade.

Um painel temático da Cúpula traçou um histórico das revoluções industriais até a chamada quarta revolução, marcada especialmente pelo big data e impactos no mundo do trabalho.  Se a  globalização do final do século levou as empresas a construírem suas fábricas em outros países em busca de mão de obra barata, agora começa um movimento de volta. Se até processos produtivos e de serviços podem ser feitos sem a presença humana, a necessidade da mão obra distante vai desaparecendo.

A Cúpula é paralela à reunião da OMC e faz um contraponto à agenda do livre comércio do ponto de vista dos segmentos mais afetados por suas  deliberações e acordos. Para livrar-se das organizações críticas ao encontro oficial, o governo do presidente Macri chegou a solicitar à OMC o descredenciamento de dezenas de representantes da sociedade civil, a deportar ativistas já na chegada ao aeroporto. A atitude autoritária repercutiu negativamente dentro e fora da Argentina, resultando em recuos do governo.

A Cúpula dos Povos reúne também personalidades como o Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel e uma das Madres da Plaza de Mayo, Nora Cortiñas. Uma delegação de organizações envolvidas com a construção do Fórum Social Mundial 2018, que ocorrerá de 13 a 17 de março, em Salvador, está no país, no intuito de fortalecer a luta contra o modelo de desenvolvimento econômico e mobilizar e articular a participação de lideranças e movimentos sociais internacionais.

O evento em Buenos Aires terá uma marcha contra as agendas da OMC na tarde desta terça-feira (12) e prosseguirá com debates até quarta-feira (13).

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