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Mariluce Moura – Uma análise rigorosa da universidade pública brasileira cruzada com interrogações a respeito das possibilidades da comunicação pública no país permitiram a reitores e jornalistas que compuseram a mesa “Interlocuções I – Universidade, sociedade, pensamento crítico e a comunicação estratégica”, na quarta-feira, 14 de março, no salão nobre da reitoria, oferecerem um primeiro esboço do que pode vir a ser uma rede de comunicação universitária. Ou, seja, uma rede na qual o próprio processo de comunicação pública seja fertilizado pela produção do conhecimento e reflexões originais da universidade e, que permita à universidade, por sua vez, ter sua natureza mais fielmente exposta à sociedade a que se vincula.

Mesa sobre Universidade e comunicação públicaNesse olhar inicial ou nessa primeira configuração esboçada, uma tal rede deve se tornar capaz de difundir informação relevante e fundamental a um projeto de país de que hoje os brasileiros se ressentem, e  no qual  ampliação da democracia e redução decisiva das desigualdades são pressupostos básicos. A discussão sobre a rede ocorreu durante o Fórum Social Mundial 2018, como parte da programação da UFBA no evento.

“A dimensão reflexiva é especial para a vida universitária e é essencial para a construção de uma rede de universidades que não seja uma mera contraposição de notícias, mera propaganda, mas sim uma rede de comunicação que possa fazer uma aliança entre a pesquisa mais sofisticada que a universidade pode oferecer e suas decisões fundamentais para resistir aos retrocessos, para resistir à destruição de direitos, para mostrar que é um espaço de liberdade e de democracia”, disse o reitor João Carlos Salles em determinado momento de sua fala.

Em seu diagnóstico da situação da universidade pública e do que seria para ela uma comunicação estratégica, ele reiterou a noção de que é hoje fundamental buscar restaurar a aura quebrada da instituição, enquanto o reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher, valeu-se do conceito de autocracia ou estrutura autocrática do poder no Brasil, retomado do sociólogo Florestan Fernandes (1920-1995), para elucidar as razões por trás do cerceamento que a universiade vem sofrendo.

Da parte dos jornalistas, o público que lotava o salão nobre na manhã da quarta-feira ouviu que a comunicação pública tem a missão de trazer para a arena pública temas de relevância social e política que nem sempre os meios comerciais têm interesse em abordar, no quadro de sua vinculação a bem determinados interesses econômicos e ao objetivo de obtenção de lucros. E ficou clara a postulação de que é no entrelaçamento com outras instituições, fortemente comprometidas com as bandeiras da liberdade, da inclusão social e da democracia, que meios de comunicação pública mais podem contribuir para o avanço da democracia e para um novo projeto de país.

“Temos uma preocupação com o rebaixamento da consciência crítica da população decorrente da sonegação do acesso ao debate, ao conhecimento, e é extremamente necessário que, não só o conhecimento científico, mas o pensamento crítico que floresce na academia, encontre canais de diálogo com a sociedade”, disse Rita Freire, membro do conselho internacional do Fórum Social Mundial e do conselho curador afastado da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC). São as próprias universidades, ressaltou, que podem debater como enfrentar o rebaixamento crítico produzido pela mídia oligopolizada em um tempo de expansão do conservadorismo, mas jornalistas que avançaram, em anos recentes, na via da comunicação pública estão prontos para aportar o que construíram. “Queremos ouvir, aprender, incorporar e apoiar para que o diálogo com a universidade vá além de uma roda de conversa”, disse.

“O país vive um completo processo de desmonte de suas instituições. Ao mesmo tempo, revoluções tecnológicas estão em curso no mundo em todas as frentes. O papel da universidade é pensar a reconstrução dentro de uma outra lógica, com inclusão e democracia participativa e uso de novas tecnologias para soluções mais rápidas”, disse o jornalista Luis Nassif, diretor do Jornal GGN.

Da mesa que debateu essas questões participaram, além dos dois reitores e dos jornalistas citados, Fátima Froes, da Rede Mulher e Mídia, Renata Miele, do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e Antonio Inácio Andrioli, vice-reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Mais tarde, o sociólogo português Boaventura de Souza Santos se juntaria ao grupo (íntegra em https://youtu.be/EEqd6NLT0Ws)

 

Está em nossas mãos recompor a aura partida

Consta da biografia do historiador Pedro Calmon, baiano, reitor da Universidade do Brasil (atual UFRJ) de 1949 a 1966, que, ante a ameaça de invasão do campus da Praia Vermelha pela polícia, no começo da ditadura militar, ordenou: “Aqui, esses beleguins de tropa militar não entram, porque entrar na Universidade só através de vestibular”. O historiador foi lembrado por João Carlos Salles no começo de sua fala na mesa de debates “Interlocuções I – Universidade, sociedade, pensamento crítico e a comunicação estratégica”, ao marcar a sacralidade da universidade, hoje quebrada. Destacava a coragem da frase, rejeitando embora seu caráter ambíguo e elitista. “Não desejamos essa universidade que apenas sirva às elites, a UFBA se torna ilustrada e enriquecida por seu enegrecimento”.

A questão que entretanto levantava ali era como recompor em sua própria comunidade e no imaginário social a aura da universidade.  “Não há receita, cada universidade vai precisar encontrar a forma de dialogar com a sociedade, a forma de representar essa aliança rara entre a produção mais sofisticada do conhecimento e o interesse mais profundo de libertação da sociedade”, propôs.

Não se trata de mecanismo simples. “Ao discutir comunicação vemos que nossas assessorias vivem cindidas entre às vezes prestar apenas um serviço de divulgação das ações da gestão e, às vezes, compensar essa forma diminuída de comunicação com uma eficiente e necessária divulgação científica”. Para o reitor da UFBA, contudo, a divulgação científica jamais será eficiente numa “universidade fragmentada”.

“Sou professor de filosofia, minha área de concentração é filosofia da linguagem, filosofia analítica, positivismo, empirismo lógico”, lembrou antes de explicitar a fragmentação a que se referia. Mirava um positivismo complicado que prospera quando se separa a produção de dados e fatos da ciência da discussão, do debate, “da construção do espaço público que determine o sentido dessa produção”. A produção científica qualificada na universidade “é a pedra de toque para separar o joio do trigo, mas não isoladamente”, enfatizou. “É exatamente a nossa nota não científica perceber que não há verdadeira ciência sem um processo de reflexão que discuta seus valores, as opções que estão sendo feitas em relação às condições mais essenciais”.

Se essa dimensão reflexiva é especial para a vida universitária, também “é essencial para a construção de uma rede de universitária”, propôs, oferecendo seu esboço para o conteúdo dessa construção. “Que não seja uma mera contraposição de notícias, que não seja mera propaganda, que possa fazer uma aliança entre a pesquisa mais sofisticada que a universidade pode oferecer e as decisões fundamentais para resistir aos retrocessos, para resistir à destruição de direitos, para mostrar que, se serviu às elites, a universidade é um espaço de liberdade, um espaço de democracia”.

Nesse caminho se poderia recompor a aura da universidade, quebrada, por exemplo, lembrou João Salles, quando se busca impedir o oferecimento da disciplina “Tópicos especiais de história: o golpe de 2016 e o futuro da democracia”, primeiro na Universidade de Brasília (UnB) e, adiante, em algumas das quase 30 universidades públicas que, em protesto, resolveram seguir a UnB, a UFBA inclusive. “Saudei publicamente o grupo de professores que está à frente da disciplina, na cerimônia de abertura do Fórum para mostrar que não é o grupo de professores, mas a instituição que está sendo atingida”.

A universidade, insistiu, precisa ser “um espaço sagrado” até porque tem seus próprios mecanismos de correção. Lembrou outros episódios de ataques à universidade que buscam diminuir a autoridade de quem a representa. “A grande vitória do positivismo selvagem é tentar reduzir a universidade a um ser sem capacidade de reflexão, sem maturidade para ser autônoma, a uma mera repartição pública, sob controle externo, e não da comunidade universitária e da sociedade”, disse. Esse controle externo, exercido por órgãos da união, “vem na forma da suspeição constante, da ideia de que as universidades são perdulárias e os reitores são maus gestores”.

A sacralidade da universidade resulta, continuou Salles, não do serviço às elites, mas da capacidade de autonomamente decidir e responder por seu destino, “como na ilustração, no esclarecimento definido por Kant: é ilustrado o que não se determina por outro, o que tem a maturidade para ter a coragem de decidir por seu destino”.

A fragmentação da universidade, entretanto, não é apenas uma ameaça externa. É alimentada desde dentro, segundo João Salles, “pelo conflito, pela disputa de poder, pela  disputa de interesses por vezes mesquinha, pela burla”. A universidade, disse, “é lugar da superação de desigualdades, mas reproduz desigualdade”.

O desafio que se tem pela frente para recuperar a aura da universidade é tanto maior dado o esvaziamento das assembleias, a constituição das redes sociais como espaço público suficiente, “numa fragmentação que faz o espírito do consumidor superpor-se ao do cidadão”, e dada a burocratização das instâncias universitárias, como colegiados e departamentos. “Se não formos capazes de observar que estamos contribuindo para o enfraquecimento da universidade, depois não entenderemos porque ela está sendo destruída. Se não temos tempo de debater com os colegas e criar verdadeiros espaços públicos, nos alimentaremos de uma lógica de consumidores que têm que responder a um espaço público que se multiplica por todas as partes e, por isso mesmo, não está em parte alguma”, observou.

João Carlos Salles concluiu sua fala afirmando que a luta à frente será grande, para recompor a integração, reconstruir o espaço público politizado, ser capaz de fazer com que a aura não esteja associada aos serviços que prestava às elites, mas renasça da capacidade de a universidade combater seus próprios autoritarismos e, com suas armas, cuidar dos predicados que que ainda vai formar, das pesquisas que ainda vai fazer, do legado para as próximas gerações.

 

Autonomia, um conceito estruturante

A universidade, disse Roberto Leher, é “uma das raríssimas instituições sociais que sobreviveram há mais de mil anos de história porque foi construindo, em diversos momentos de conflitos, um conceito estruturante para sua vida cotidiana – o da autonomia universitária”.

A relevância da universidade para a comunicação social decorre, acrescentou, de sua prerrogativa de lutar por uma liberdade ilimitada. “A produção do conhecimento na universidade só tem como referências os debates epistemológicos, nunca pode haver cerceamento da liberdade de pensamento”. Essa produção envolve necessariamente “a crítica ao pensamento estabelecido, às visões de mundo estabelecidas, às verdades estabelecidas, aos implícitos e pressupostos”. Não surpreendem, portanto, observou, “as crises brutais” que acompanharam todas as revoluções teóricas nem os duros ataques sofridos pelos cientistas que produzem conhecimento livre.

O reitor da UFRJ deteve-se nas agressões históricas às universidades brasileiras. “No período da ditadura empresarial-militar, 80% dos professores da Universidade de Brasília (UnB) ou foram afastados ou foram obrigados a sair”. Mais que isso, “no momento em que se faz a modernização da universidade entre aspas, por meio na reforma universitária de 1968, vamos ter, nos mesmos dias, o Ato Institucional número 5 (AI-5) e o Decreto 477 (que expulsa da universidade estudantes envolvidos em atividades políticas)”, lembrou. Ou seja, segundo ele fez-se “uma reforma que se pode qualificar como contrarreforma da educação superior num ambiente de terror”.

Da experiência da ditadura restaram, a seu ver, “marcas muito profundas” na estrutura de ciência e tecnologia das universidades, presentes até hoje Assim enquadra a criminalização de “Tópicos especiais de história: o golpe de 2016 e o futuro da democracia” e de atos públicos realizados nas universidades, tanto quanto as conduções coercitivas de reitores, que levaram, na Federal de Santa Catarina (UFSC),  ao suicídio do professor Luís Carlos Cancellier, e, na Federal de Minas (UFMG), à mobilização um enorme aparato policial contra o reitor Jaime Ramirez e sua equipe e “cujo alvo era o monumento à anistia” . Todos esses fatos, ressaltou, “dão dimensão aos acontecimentos que estão transtornando o dia a dia das universidades. Há um cotidiano de formas de cerceamento que justamente objetivam criar o medo”.

Mas, por que as universidades estão sendo tão duramente cerceadas?  “Obviamente porque, em sua luta pela autonomia, a universidade é o espaço que pode produzir conhecimento capaz de colocar em questão fundamentos de um padrão de acumulação do capital e de formas de sociabilidade humana que atualmente estão sendo conduzidas em nosso país sob o manto da autocracia”, respondeu Leher.

Recorreu, para embasar essa visão, ao que chamou de “uma análise magistral da realidade brasileira” feita por Florestan Fernandes no final dos anos 1970, muito criticada, segundo a qual um dos traços mais marcantes do padrão de acumulação do capital no Brasil é uma estrutura de poder autocrática. “O que não se compreendeu adequadamente nos anos de redemocratização foi o sentido da autocracia modernizadora de que Florestan falava, ou seja, uma estrutura de poder que não admite mudança social e sobretudo não admite qualquer alteração na correlação internacional de forças no que diz respeito às relações econômicas”.

Hoje “estamos vendo as marcas sangrentas da autocracia em nosso cotidiano”, disse. A submissão das forças de segurança do Rio de Janeiro à autoridade militar, numa lógica de guerra, não produz mais comoção. “O que se fala no Rio de Janeiro?  Existem territórios hostis porque lá tem gente perigosa – são os favelados. E é preciso pacificá-los”. Já se admite mandados de busca e apreensão coletivos e, ao mesmo tempo, não pode haver uma comissão da verdade para apurar violação de direitos humanos. “Até mesmo a ideia de que o setor empresarial deveria estruturar o financiamento do aparato repressivo do estado já se aceita”.

A Universidade, entretanto, cumprindo sua função social, torna problemas esses temas canônicos. Projeta cenários e faz perguntas decisivas para o futuro da humanidade, no campo da ciência e no campo da política. “Por isso são instituições potencialmente críticas e rebeldes diante de uma situação autocrática”.

Leher concluiu observando que, além do cerceamento jurídico, a universidade está sendo submetida a um estrangulamento financeiro sem precedentes, sob a moldura orçamentária da Emenda 95. Nesse cenário, é imperioso produzir ideias para abrir alternativas e forjar novos tempos históricos, processo no qual a comunicação é fundamental. “O debate sobre o conhecimento não pode estar restrito à universidade. Hoje, na educação básica, 55 milhões de pessoas estão sendo socializadas sob o interesse das corporações. Os empresários têm um projeto pedagógico próprio, de classe. E nós?” indagou.

“Estamos prisioneiros de uma lógica do desenvolvimentismo e, no Brasil, desenvolvimentismo é commodities, expropriação de trabalhadores do campo, simplificação de cadeias produtivas”, disse. O Brasil formou nos últimos dois anos quase 90 mil mestres e doutores nas ciências duras e menos de 1% trabalha com P&D no setor privado. “Esse é o padrão. Isso significa que temos que encontrar um novo ponto de partida, com a inserção de todos aqueles que vivem de seu trabalho no fazimento do tempo histórico”.

 

Comunicação pública em defesa da democracia

Fátima Fróes, depois de agradecer à UFBA o acolhimento ao evento, “rompendo nesse gesto múltiplas fronteiras”, comentou que “esses momentos de graves ataques também devem ser momentos de luta e coragem”. Ressaltou a importância da discussão a respeito da aproximação entre comunicação e universidade públicas e manifestou forte expectativa de que o debate fosse o primeiro dos muitos passos para a construção de uma rede universitária de comunicação.

Renata Miele fez uma defesa veemente da democratização dos meios de comunicação como elemento indispensável ao restabelecimento da democracia no país e aos sonhos de um outro mundo possível. Em sua visão, é impossível conceber que se tenha de fato um espaço público de debate na sociedade com meios de comunicação que constituem um setor fortemente oligopolizado, propriedade de meia dúzia de famílias que representam a elite econômica do Brasil e, como tal, têm interesses econômicos e políticos muito determinados. Seus veículos são porta-vozes desses interesses, enfatizou.

Exemplos antigos e novos da história do Brasil mostram que esses interesses não são os mesmos do povo brasileiro. Assim, é imperativo construir espaços marcados por diversidade e pluralidade onde outras perspectivas, vozes silenciadas, pontos de vista distintos sobre os acontecimentos em curso no país apareçam, observou. A partir daí é que se poderá refletir de maneira mais crítica sobre os rumos do país e da sociedade.

“Esse é o papel da comunicação pública, que no Brasil foi historicamente ignorado justamente por conta dos interesses do setor privado e comercial que atua na comunicação e que sempre impediu o florescimento de outros polos não vinculados a seus interesses”, enfatizou Renata.

Ela citou a EBC como uma conquista que se tornou possível com a pressão da sociedade e que, ainda em sua infância, foi golpeada com a intervenção do atual governo, que destituiu seu conselho curador, que tinha representação ampla de vários segmentos sociais.

Renata propôs a construção de uma parceria com a universidade para oferecer ao público a difusão de um debate crítico ifundamental.

Luís Nassif começou sua intervenção relatando que desde 2014 a falta de atenção para o projeto da comunicação pública e, mais ainda, para um projeto de país, já tinha contaminado todo o governo. “Fiz para o governo Dilma um levantamento nas universidades de estudos que poderiam fornecer subsídios a esse projeto de país que não temos, e que é responsável pelo estado de exceção de hoje, que conquistou extratos importantes e relevantes da área pública e meu relatório sequer foi lido”, contou.

Em sua visão, se a universidade pública permaneceu meio na redoma quanto a essa questão de construir um projeto, de país, ospartidos tampouco fizeram núcleos de pensamento estratégico nesse sentido. “E mesmo o que a Fundação Perseu Abramo produzia não chegava no PT”, Assim, “passamos todo esse tempo sem entender nada sobre as explosões sociais de 2013. Avançamos na Inclusão, mas não avançamos na democracia participativa”.

Nassif indicou a Internacionalização do país como o fenômeno que alastrou no serviço públicoa figura do yuppie, aquela personagem vinda do setor financeiro. “No Brasil, uma melhoria substancial dos ganhos no serviço público, para procurador, delegado, etc., foi o bastante para criamos uma ideologia, essas pessoas passaram a se identificar com uma classe superior, com todas as frescuras que caracterizam a busca de status”.

No presente, “enquanto se dá um desmonte generalizado do país, estão em curso revoluções tecnológicas em todas as frentes”. Depois de falar do papel da universidade na reconstrução do país, dentro de uma outra lógica, com inclusão e democracia participativa e uso de novas tecnologias para soluções mais rápidas”, Nassif fez referências à ofensiva em curso contra a liberdade de opinião na internet, que tantas histórias fundamentais permitiu descobrir, tema que abordaria em outra mesa no Fórum.

.”Muitas histórias fundamentais são hoje de conhecimento público graças a essa liberdade. Há na ofensiva contra  fake news imensos interesses econômicos privados, que vai até o estrangulamento dos blogs que denunciaram essas histórias. A tática é constranger Google e Facebook para limitar a visibilidade desses blogs e estrangulá-los financeiramente”, lembrando que um grande seminário sobre fake news seria organizado pela revista Veja, com patrocínio da Ambev, do grupo econômico capitaneado por Jorge Paulo Lemann, dono da maior fortuna no país.

Nassif observou para concluir que a aproximação dos movimentos sociais com o jornalismo foi muito mais enriquecedora para o jornalismo. “Agora é tempo de trabalhar uma comunicação com inclusão e participação política de todos os setores”, disse.

Boaventura Souza Santos juntou-se à mesa “Interlocuções I – Universidade, sociedade, pensamento crítico e a comunicação estratégica” no fim da manhã. Abordou a necessidade de aprofundar a democracia participativa para fortalecer a democracia liberal e lançou uma pergunta provocadora ao auditório que o esperava: “Por que o povo não vai para a rua?”

Propôs que, para provocá-lo a ir às ruas, além de  combinar lutas institucionais com as dos movimentos sociais, rua e instituições, democracias liberal e participativa, e união das esquerdas contra o sectarismo, uma quarta medida precisa ser tomada para impedir que prospere “a situação pre-fascista” em que estamos.Essa medida, segundo ele, seria entrar para ganhar na batalha das ideias, porque o espaço social está contaminado pela ideologia liberal.

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