Seminário do FSM

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A escravidão no Brasil continua passado mais de 500 anos. A colonização enraizada, a desfaçatez do racismo, as multiformas de genocídio, a falta de políticas públicas direcionadas a comunidades tradicionais. A condição dos povos brasileiros de matriz africana foi destacada em diversas falas durante o Seminário Internacional Fórum Social Mundial, realizado nos dias 17 e 18 de outubro, na Universidade Federal da Bahia, em Salvador.

Questões levantadas e defendidas em pelo menos três das sete mesas realizadas durante o seminário, e que tiveram como eixos temáticos, “O desafio da Integração Regional, Latino-americana e Africana: Soberania e integração dos povos por um outro modelo de desenvolvimento”, “A onda de intolerância e discriminação no Brasil e no Mundo” e “Terras, Territórios e a Justiça Social e Ambiental”.

Tata Edson, do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional de Povos Tradicionais de Matriz Africana (Fonsanpotma), destacou a luta para que as tradições afrodescendentes não sejam vistas apenas como religiosidade, mas traços da resistência e diálogo entre os povos. De acordo com ele, só no Brasil existe cerca de meio milhão de unidades territoriais tradicionais, e que somadas as das Américas, Latina e Central, chegam a quase um milhão. “São estes locais que guardam os conhecimentos vivenciais, advindos dos povos originários e por consequência, conseguem conexão do dia-a-dia com a população destas unidades”, ressalta Tata Edson.

Para Maisa Bahia, representante da Unegro e participante do painel “A onda de intolerância e discriminação no Brasil e no Mundo”, há uma ruptura da religião de matriz africana por conta da maioria de seus adeptos serem descendentes de africanos no Brasil. “A cor da pele ofende. O ser negro ainda machuca. Quando o nosso jovem de dentro do terreiro é assassinado é a descontinuidade do nosso segmento, que não vai para frente. Não temos jovens que preguem a nossa cultura, o nosso culto religioso. Há um “apartheid no Brasil”, constatou ela.

Kitanji, também da Fonsanpotma, denuncia o Estado brasileiro e o projeto colonizador que criminaliza os povos tradicionais. “Quando pensamos em genocídio, pensamos no extermínio físico, mas quero tratar o genocídio em seu pensamento e entender que é o Estado brasileiro que orquestra o genocídio da população negra e dos povos africanos presentes no Brasil”. De acordo com ela, o genocídio perpassa primeiramente pela garantia de exterminar as novas gerações.

Para ela ainda, o mesmo projeto político de extermínio se volta também contra as mulheres das periferias por serem as responsáveis pela perpetuação dos conhecimentos e saberes africanos dentro das periferias do Brasil. “Então “eu” subjugo, elimino características, destruo possibilidades territoriais, crio legislações e formas de silenciar os direitos destas mulheres. Eu fortaleço o patriarcado e desfortaleço o matriarcado gerado por estas na periferia. Aí reforço e construo um projeto político real de genocídio. Extermino o filho dela e cerceio os seus direitos e as suas práticas”, finaliza Kitanji.

Já na mesa “Terras, Territórios e Justiça Ambiental”,o Vodunci Cleyton Òlilase (Fonsanpotma) apontou o descaso do Estado em relação a criação de políticas públicas voltadas a povos tradicionais que assegure direitos a terra. “Não saiu uma PL para povos e comunidades tradicionais. No momento em que defendemos terra e territorialidade, não é defender um simples pedaço de chão, é defender o espaço sagrado”. Ainda segundo ele, é importante que o FSM crie um espaço de debates para todos os povos tradicionais, indígenas, quilombolas, palestinos, de matriz africana, por que há uma diversidade de segmentos que estão no Brasil e todos sofrem com o racismo ambiental.

O Seminário Preparatório Internacional do FSM integrou a programação do Congresso da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Ana Paula de la Orden

Foto: Stella Oliveira

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